A abertura oficial do Bicicultura Floripa foi um momento carregado de conotação política, de memória e de arte. Tendo com mestre de cerimônias a Mocotinha (personagem da Profª Danielle Horn) a abertura contou, na mesa, com representantes do poder público e da Comissão Organizadora. Os pronunciamentos da mesa foram intercalados com apresentações artísticas e com homenagens.
Composição da mesa
- Ana Destri: Coordenadora Geral do Bicicultura Floripa
- Carolina Griggs: Coordenadora Financeira da Amobici – Associação Mobilidade por Bicicleta e Modos Sustentáveis
- Fernanda Cordeiro: Representante da Bruxas da Bike
- Giovani Seibel: Coordenador Social da ABC – Associação Blumenauense pró-Ciclovias
- Ruth Costa: Diretora Presidenta da UCB – União de Ciclistas do Brasil
- Topázio Silveira Neto: Prefeito de Florianópolis
- Antonio Maria Espósito Neto: Coordenador-Geral de Regulação da Mobilidade Urbana da Secretaria Nacional de Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades
Homenagens e arte
- Carta aos que partiram: autoria de Sheila Hempkemeyer e leitura de Renata Aragão
- Homenagem a Giselle Xavier – professora e cicloativista de Florianópolis: durante o discurso de abertura
- Folguedo do Boi de mamão: Grupo Folclórico do Pantanal
- Rancho do Amor à Ilha – Hino de Florianópolis: Claudia Alvim Barbosa
- Brado da Bicicletada: Vivian Garelli
- Bike é cultura: Plá
Discursos de abertura
- Discurso de Abertura – Cidades Pedaláveis, Cidades Democráticas: Ana Destri (Coordenadora Geral do Bicicultura)
- Discurso de Abertura do Biciculturinha: Cristiano Cordeiro
CIDADES PEDALÁVEIS, CIDADES DEMOCRÁTICAS
CIDADES PEDALÁVEIS, CIDADES DEMOCRÁTICAS
Discurso de Abertura do Bicicultura Floripa
Boa tarde a todas as pessoas que estão conosco nesta abertura oficial do Bicicultura Floripa, o maior encontro da cultura da bicicleta do país.
A Amobici, as Bruxas da Bike, a ABC Ciclovias e a UCB, entidades que compõem a Comissão Organizadora, estão muito felizes de oferecer para o Brasil, para Santa Catarina e para Florianópolis o 10º Encontro Brasileiro de Cicloativismo e Mobilidade por Bicicleta, estão muito orgulhosas de revezar, com outras cidades e organizações brasileiras, este espaço de convívio, instrução, intercâmbio e proposição de lutas.
Lutas sociais, senhoras e senhores. É o que fazem os movimentos organizados de transformação social. O cicloativismo é um movimento social e, como tal, age para a conquista da igualdade, para a ampliação e manutenção dos direitos humanos, para o fortalecimento da democracia – não só para quem pedala, mas para todas e todos cidadãs e cidadãos.
Não sentimos falta apenas de ciclovias, bicicletários, redução de velocidades, sinalização e respeito no trânsito, condições estas necessárias para entregar, efetivamente, a nossa justa prioridade no trânsito. Um mundo plenamente ciclável não nos basta enquanto faltam trabalho digno, serviços públicos eficientes, distribuição de renda, equidade racial, respeito às orientações sexuais e às identidades de gênero, vacina no braço, comida saudável e floresta em pé. E um mundo plenamente ciclável não pode ser alcançado se a democracia, valor social fundamental e único regime político aceitável, encontra-se constantemente ameaçada, tal como se viu em passado recente.
Essa é a concepção que orientou nosso trabalho na organização do evento e que está, dentro das nossas capacidades, materializada na sua programação. Essa é a concepção que orienta o tema escolhido para o Bicicultura Floripa 2023: Cidades Pedaláveis, Cidades Democráticas.
Amigas e amigos que vêm de outros estados, queremos agradecer e declarar que sua presença nos honra, pois a entendemos como um ato de solidariedade com nossa luta. Este estado e esta cidade, apesar de triste colocação no ranking ideológico nacional, foi e é nascedouro de importantes e reconhecidos movimentos sociais, tanto rurais quanto urbanos.
Nesse sentido, e devolvendo o discurso para a causa que nos une, não podemos deixar de destacar que aqui, nesta cidade, foi gestada não somente a União de Ciclistas do Brasil, fundada em 2007, mas o próprio Bicicultura, realizado pela primeira vez em 2008 na capital federal.
E por isso não há melhor momento do que este para prestar, publicamente, reconhecimento e homenagem a quem tornou realidade estas e outras instituições. Temos a hora de ter entre nós a precursora e visionária ativista, professora, doutora em ciências humanas, mãe, médica, feminista e amiga… Giselle Xavier. Giselle, esta é a sua casa: por favor, fique de pé para receber de suas companheiras e companheiros uma merecida salva de palmas.
Este encontro é organizado por cicloativistas, mas não se destina exclusivamente a cicloativistas. O Bicicultura é para todas e todos envolvidos com qualquer dimensão da cultura que a bicicleta envolve: economia, ciência, arte, política, saúde, tecnologia, educação, esporte e espiritualidade. É para membros e membras de todos os setores sociais: sociedade civil, poder público e mercado. Com vocês queremos dialogar sobre responsabilidades e iniciativas para construirmos, conjuntamente, as condições para que a bicicleta possa contribuir, com toda sua reconhecida potencialidade, com a melhoria do mundo.
A bicicleta é democrática em todos os sentidos: está ao alcance de praticamente toda população, independente da idade ou condição econômica; e promove o acesso igualitário de todas cidadãs e cidadãos a todos os espaços sociais, tanto públicos quanto privados, tanto urbanos quanto rurais.
Neste sentido, a bicicleta é uma ferramenta indispensável para a qualidade de vida dos habitantes e para a sustentabilidade ambiental e, por isso, necessita ser defendida e promovida por… todo mundo!. A bicicleta faz bem até para quem nunca a usará e mesmo para quem a rechaça.
Entretanto, a sociedade e a natureza ainda não podem usufruir de todos os benefícios proporcionados pela bicicleta porque o bem comum não têm sido o valor principal que orienta as políticas públicas, o comportamento dos indivíduos e a economia de mercado.
O Bicicultura Floripa 2023 quer então promover esta discussão: a necessidade de ampliação dos espaços de participação popular, com embasamento ético e científico, para a autêntica democratização das nossas cidades.
Para tanto, nesta edição do Bicicultura buscamos abrir espaços para tomadas de decisões e formulação de proposições de atuação conjunta. Assim, convidamos todos e todas a conhecerem a programação e nela engajar-se conosco.
Não menos importante, declaramos que este este espaço não seria possível sem o apoio de valorosas organizações que acreditaram no nosso trabalho e a quem queremos agradecer imensamente: Universidade Federal de Santa Catarina, Prefeitura Municipal de Florianópolis, Nathor Bicicletas, Tembici, ITDP Brasil, Movimento ODS Santa Catarina, WRI Brasil, Revista Bicicleta e Sacis.
E ainda agradecemos imensamente a força que recebemos do Gabinete do Deputado Estadual Marquito, Parque Bikes Floripa, Garupa Bicicletaria, Distribuidora da Água Sul da Ilha, Flow Ride Floripa e Bicicletas Dal’Annio.
E, por fim, as palmas que serão batidas agora estão endereçadas, e as aceitamos, à competente e empolgada equipe de voluntárias e voluntários da nossa Comissão Organizadora.
Bem vindos e bem vindas! Façam conosco um grande evento.
Dito isto, declaro aberto o Bicicultura Floripa 2023!
Muito obrigado.